domingo, 13 de maio de 2012

1° rádio de Juazeiro(crianças pensavam que tinha uma pessoa falando dentro)

Conversando com minha vó, perguntei se ela lembrava da época que ela viu o primeiro rádio que trouxeram do Rio de Janeiro. Ela disse que lembra e foi no ano de 1958, quando, Tio Mundinho(o da história anterior) veio visitar os familiares que não via à 40 anos trouxe o tal rádio à pilha.

Imagem do Google
O rádio era a sensação do momento; os mais velhos ficavam abismados, as crianças assombradas corriam pela casa e já não dormiam bem com medo do rádio kkkk.(hoje em dia nós rimos dessas histórias, mas imagine você, naquela época, de frente com um parelho desses falando sem parar)...
Ainda com certo receio, vinha gente de todo canto ver o tal aparelho falante. Com o tempo foram se acostumando, mas ainda depois de muitos dias que o rádio tocava ainda tinha gente pensando que o locutor estava escondido dentro do rádio. As crianças ofereciam água, frutas e tentavam convencer o homem, que para elas estava escondido dentro do rádio, a sair pra tomar fôlego...Mas o locutor cismava em não sair de dentro do rádio kkkk para o assombro das crianças e para a alegria dos mais velhos, que não sabiam mais o que era tristeza com esse rádio tocando 24h.
O mais interessante era quando Tio Mundinho sintonizava o rádio em uma rádio estrangeira, bastava o locutor falar(em espanhol, inglês, japonês), pra sair menino correndo dentro de casa. E assim começava a era dos aparelhos eletrônicos em Juazeiro...

Ezequiel Lima

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A guerra...''Parte II - a policia vem de Teresina(120km) à cavalo para prender os baderneiros''

Terminado o confronto em Soão João da Serra, por volta de 1924, Clarindo e seus netos estão de volta a Juazeiro. Mas por ter sido uma confusão que parou a cidade por muitos dias a policia da capital, Teresina, já estava se locomovendo à cavalo rumo a São J. da Serra, cerca de 120km. Eram dois pelotões fortemente armados com +- 10 homens cada. Chegando na cidade, o que encontraram foi muita paz na cidade, a confusão já tinha acabado. A missão deles agora era prender os netos do temido Clarindo de Macedo.
O primeiro pelotão chegou a Juazeiro, mataram um porco de um dos fazendeiros, e acamparam em um antigo pé de Juá. Enquanto os policiais imorais estavam comendo o porco roubado, Clarindo já estava com os netos do Ceará para uma banda, e de lá partiram para o Rio de Janeiro e só voltaram 40 anos depois...

Tio Mundinho, no Rio de Janeiro. Anos 60.

Os policiais, agora de barriga cheia, saíram à procura de ''Senhor de Matos'' e ''Mundinho''. Chegando na Diligência, um dos policiais, nem disse ''ôi e casa'' e foi logo entrando com Riffle à procura dos fugitivos; foi quando Miguel de Matos de deparou com o Riffle apontado na sua cara ainda dentro de casa, contudo, era um cabra macho, e foi com a mão no cano do Riffle e gritou ao capitão da tropa ''ensine alguns modos pra esse seu vira-latas, porque se eu tivesse armado ele tinha entrado em chumbo''; o capitão gritou com o recruta e mandou-o sair de dentro da casa alheia.

Miguel de Matos; pai de Mundinho e Senhor de Matos.

Casarão onde ocorreu o tiroteio.
 Miguel de Matos era pai dos baderneiros, foi interrogado, e disse que eles tinham fugido pro ceará com Clarindo de Macedo, seu pai. A tropa pediu para se arranchar alguns dias nessa casa, na Diligência. Miguel de Matos deu comida e dormida para a tropa, até que a outra voltasse do Ceará com os cangaceiros( Mundinho e Senhor de Matos). Passou dois dias e nada, foi quando estavam se arrumando para viajar à Teresina que ouviram o barulhos dos tiros de Riffle e os cavalos correndo, vindo de Juazeiro. Os policiais se armaram e a bala comeu pelos dois lados; tiro pra lá, tiro pra cá, menino correndo pra dentro da mata, velho se escondendo de baixo da cama e a policia atirando rumo a Juazeiro; pensando que fosse os Filhos de Miguel de Matos.
Mas na verdade tudo não passou de um mal entendido. Os tiros que vinham de Juazeiro era os policiais da tropa que estava no Ceará. E assim a policia travou uma batalha contra a própria polícia, porém não saiu ninguém ferido...

Ainda hoje podemos ver as marcas de tiro nas Carnaúbas, aqui, bem próximo da minha casa.
Carnaúbas ainda com as marcas de tiros de quase 90 anos atrás.

Carnaúbas ainda com as marcas de tiros de quase 90 anos atrás.


Força e honra...

Ezequiel Lima

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A guerra dos Matos contra os Teófilos em São João da Serra Parte I

Raimundo de Matos(Tio Mundinho) e Manoel de Matos( Senhor de Matos) tinham uma Quitanda na cidade de São João da Serra, tudo andava bem, até quando, Tio Mundinho, foi acusado de ter engravidado uma negra da Família dos Teófilos. A pressão da família da negra era grande, mas Tio Mundinho negava a paternidade e custe o que custasse não casaria com a negra, muito menos assumiria o filho. Estava pronto para o que viesse; e não assumiu.

Dai surgiu uma guerra que durou dias e dias. Tio Mundinho e Senhor de Matos arrumaram alguns capangas e muitos Rifles para tirar a história a limpo, mas os Teófilos estavam muito bem armados e encurralaram Tio Mudinho e seus capangas dentro da igreja em Soão João da Serra. Foi um caos total, bala para tudo quanto era lado.



Tio Mundinho



Um dos capangas de Mudinho conseguiu amarrar um dos negros e levou pra igreja,onde estavam encurralados. Obrigaram o negro gritar pedindo para que os teófilos cessassem fogo, mas a resposta do chefe dos Teófilos era sempre a mesma; ''calma, não ás dúvida''. A confusão estava armada e rapidamente a noticia da guerra se espalhou e chegou a Juazeiro. Quando Clarindo de Macedo(avô de Mudinho) quando soube, selou seu cavalo; dependurou 2 chifres de boi na sela( um com torrado e outro com cachaça ); pegou seu ''Rifle papo-amarelo'' e partiu para São João da Serra, libertar seus netos.

Clarindo de Macedo era conhecido por ser um dos mais valentes cangaceiros de Juazeiro; dono de escravos; Com o mesmo gênio do Lampião era temido por todos. Clarindo de Macedo era tão bruto que só tomava banho, quando, por descuido, levava uma chuva...

Chegou na cidade levando muita munição e muita coragem, o que amedrontou os negros. Clarindo de Macedo com sua ousadia, tomando o comando, fez com que retomassem a situação e cercaram os negros, que pediram até por amor de Deus, pra Clarindo deixar as crianças e as mulheres sair de casa. Clarindo aceitou e deixou sair as crianças e as mulheres. Só que as mulheres, na verdade, já estavam todas no mato. E como uma trama de uma novela, os Teófilos se vestiram de mulher e sairão correndo pelos fundos. Deixando as casas vazias. E assim dando fim a guerra. Sendo que um dos negros conseguiu matar o cavalo de Clarindo, o que causou uma revolta futura.


Continua na ''Parte II - a policia vem de Teresina(120km) à cavalo para prender os baderneiros''
Mas Clarindo de Macedo enganou toda a policia com um jantar, e Mudinho e Senhor de Matos fugiram para o Rio de Janeiro. Voltam só 40 anos depois...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Juazeiro Séc. XIX; o assassinato da Sinhá e o preço que os negros assassinos pagaram.

A história que vou lhes contar se passa na localidade Santa Teresa e no Pimenta. Se trata de uma história um pouco confusa, e que até mesmo os mais velhos não sabem ao certo. Mas vou lhes passar um pouco do que me passaram. Juazeiro do Piauí; século XIX:
Um certo dia um casal de negros tocados pelo ódio decidiram dá cabo a vida de sua Sinhá, que era viúva, e logicamente a que comandava as atividades da fazenda. O casal de negros elaboraram um plano fatal, perfeito e infalível; mataram a Sinhá  por asfixia, com a própria barra da anágua(saia que se veste debaixo de um vestido); arrastaram o cadáver até a alcova(pequeno quarto interior onde está o leito; recâmara) e lá deixaram, até os demais se deparassem com o cadáver da saudosa Sinhá. Mas havia algo errado, a sinhá não tinha morrido do coração(como pensavam), pois estava suja de terra e cheia de capim; foi onde caiu por terra o crime imperfeito dos pobre negros
E como não existe crime perfeito, nem crime sem um preço, vamos para o triste e tão pouco injusto fim dos negros;
Já descoberto os autores do crime; levaram a negra(de nome Teresa) e o negro a um interrogatório. A negra quando entrevistada se tinha participado, responde: ''Sim foi eu. E o que tá feito não está por se fazer''; levaram a negra para a forca(que o avô de meu bisavô ainda conheceu), e lá a enforcaram. Forca essa que se localizava onde hoje é o balneário Pimenta. Mas o crime da morte da sinhá ocorrera na localidade, Santa Teresa(creio eu que esse nome foi devido a morte da negra, Teresa, mas não se sabe o certo).
Já o jovem negro negou o crime, mas não se livrou da morte. Acabou morrendo arrebentado carregando latas d'água nas costas, subindo a serra do olho d'água das ''almeças''...A negra foi levada para Marvão, atual Castelo do Piauí, pois lá se encontrava o padre mais próximo, que rezou e enterrou suas ultimas preces para a negra. O escravo não se sabe em qual cemitério está enterrado, só sabe-se que seus restos mortais está em Juazeiro...

Ezequiel Lima

Força e honra... 
  

sábado, 14 de abril de 2012

A linda e triste história do casarão de 96 anos que era da família Lima/Matos. Parte I

A história do casarão da família Matos/Lima tem seu principio no Pimenta(hoje bairro e balneário da cidade);
Tudo começa quando Miguel de Matos casa-se com Maria Alves Lima, por volta de 1908. Morando com seus pais, em uma grande casa toda em palha, onde há tempos atrás habitara muitos escravos de Clarindo de Macedo(seu pai), Miguel de Matos e Maria A. Lima formarão sua família(7 filhos). Com a casa cheia e já muito velha, Miguel de Matos tem a ideia de procurar um lugar para fazer sua casinha e criar sua boiada, então parte Miguel de Matos mato a dentro a procura desse paraíso. Eis que encontra o lugar, um lugarzinho onde existe apenas uma veredinha de andar criações,(mas o que ele não sabia era que essa veredinha de andar criações, um dia ia se tornara uma rodovia que liga os quatro cantos do estado), e batiza o local de ''Diligência''
Aqui, onde hoje tem várias casas e uma PI movimentada e barulhenta; um dia foi uma bela mata de Chapadas, onde os canários cantavam no pátio e os tucanos com seu voo preguiçoso enchia de alegria os olhos de seus admiradores...
Após o reconhecimento e a marcação do terreno, Miguel de Matos começa a levantar as forquilhas de sua casa, todas feitas em carnaúba. Depois da armação da casa toda feita, Miguel de Matos tem que encontrar um pedreiro, pois não existe casa bem feita sem parede; é quando junta uma boiada e toma direção a Nova Russas, no ceará; são cerca de 162km de peleja com o gado mato a dentro, montando seu velho e inseparável companheiro, um resistente burro(como era típico da época), em uma viagem longa, que dura dias e dias.
                                            Casarão da Diligência                                  

Odilo de Matos(98 anos)
Depois de fechar com o pedreiro volta Miguel de Matos a seu tão querido Juazeiro, trazendo ali toda essa história que enche-nos de orgulho. Começa a construção da casa em 1916. Com a grande casa já pronta, em 1917, Miguel de Matos faz sua mudança em carros de boi(como mandava os costumes da época), trazendo seus 7 filhos, o mais novo Odilo de Matos(único que ainda é vivo), com 3 aninhos. Chegando na casa o clima era totalmente diferente da casinha de palha. Uma casa bem alta, ampla e bem confortável era tudo o que Miguel de Matos queria. E com muito esforço conseguiu construir a tão sonhada 'Casa da Diligência'. Casa da qual cresceram seus 7 filhos e mais de 20 netos.
Mas a história dessa casa não se resume nessas poucas linhas, em 96 anos de existência ela guarda marcas de tiro(de um confronto entre famílias), escrituras, festas; por trás da arquitetura ainda podemos notar traços da época como; piso feito de ladrinho, telhas grandes de barro, paredes feitas de adobre crú(que medem quase 30cm), ripas feitas de carnaúba lascada, e etc...
A história dessa casa ainda vai render muitas matérias. Aguardem... 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Primeiras professoras de Juazeiro

Como o nome do blog é Juazeiroculto, não posso deixar de falar da peleja que os mais antigos enfrentaram para aprender a ler e escrever, nessa terra até então esquecida.

Tudo começou quando o senhor João Pereira, fazendeiro da época, teve a brilhante ideia de fazer de sua casa a primeira ''escola'' da região(casa onde hoje é de propriedade de seu filho,Sr. Deusdeth Dultra), com a necessidade de uma pessoa para instruir seus alunos, o Sr. João Pereira vai até Pedro II, lá onde encontra Isaura Pinheiro(minha bisavó).

Ainda jovem, mas com uma inteligencia invejável, João Pereira consegue a permissão dos pais de Isaura. Isaura com 16 anos deixou o noivo em Pedro II e veio para Juazeiro lecionar na ''casa da fazenda''. Tão logo se apaixona por Odilo de Matos(meu bisavô, que ainda é vivo com 98 anos).O seu, até então noivo, Chico Café(fazendeiro rico de Pedro II, do qual o irmão se tornará prefeito 2 anos após a partida de Isaura) fica consciente do fato e passa muitos dias deprimido e mandando cartas. Mas nada que abale o coração apaixonado de Isaura por Odilo de Matos. 
Quão logo surge a necessidade de uma nova  professora, pois Isaura está grávida de seu primeiro  filho. Desse belo e único casamento Isaura teve 13 filhos. E Chico do Café acabou sumindo na história de amor de Odilo e Isaura...

Isaura Pinheiro Matos


Um triste detalhe é que Isaura era professora, mas não era professora de seus filhos. Odilo nunca deixou Isaura ensinar nada a seus filhos, pois para Odilo(bem instruído, coisa que não parece), lugar de macho era na roça e de mulher era na cozinha. Os que aprenderam, aprenderam com muita garra e perseverança. Mas alguns dos filhos de Isaura mal sabem escrever o nome, deles nem sabe...

Com a necessidade de uma nova professora chega Prof. Dalva Ribeiro, uma professora já formada e letrada pelo colégio das Irmãs, de Teresina. Uma professora empenhada e que muitos, ainda vivos, devem a educação a ela....



Força e honra...

Ezequiel Lima 

Cartas, histórias, fotos e documentos de nossas gerações anteriores

As famílias de Juazeiro, em especial as mais antigas; Lima, Alves e Macedo. Sempre foram pessoas inteligentes e que sempre estavam atrás de novidades, temos muitas histórias de pessoas que estavam na busca incansável por coisas novas, uma coisa não muito habitual na época, mas que com muita determinação e um pouco de loucura de nosso visionários, foram alcançadas; e hoje temos muito que zelar por nossa história imortalizada; em fotos, documentos, cartas etc. 
Click na imagem para melhor visualização.

Hoje optei por falar um pouco da vida de uma pessoa muito influente e que muito nos deixou na memória; João Lima, o Lima das ideias extravagantes e imprevisíveis. NÃO É UMA BIOGRAFIA, APENAS UM APANHADO HISTÓRICO*:

Dentre muitas práticas desse visionário( 1° tocador de violão da região, 1° fotógrafo, 1° a pisar nessa terras em uma moto, que assustava até os mais valentes da época. Quando João Lima chegava na moto as pessoas pegavam um facão e gritavam pras crianças;''ganha o mato que lá vem o João Lima no ''CAVALO DO CÃO''[deixa essa história pra próxima postagem])...Hoje  vamos destacar a sua posição de ''Photografo'', como se escrevia na época. João Lima foi o primeiro ''Photografo'' da região. Suas ''photografias'' são tão antigas que muitas já se perderão quase que totalmente, devido a ação do tempo, como que não bastasse, não escolhe o seu alvo...Pra todos terem uma ideia de o quanto, o ainda rapaz João Lima era visionário; as primeiras câmaras fotográficas vieram se popularizar no Brasil no ano de 1888(dados da internet), e entre os anos de 1910/1920 o rapaz João Lima já estava tirando suas ''Photografias''. Dentre as mais antigas está a da casa de seu pai (Clarindo Lima, que é pai de minha tataravó), creio eu que esse  foi o primeiro ''retrato batido'' por João Lima. Fica ai algumas das milhares de fotos e documentos que temos.

Detalhe; João Lima rodou o todo o Brasil(como podem notar nas dedicatórias das fotos), dizem que esteve até pelo exterior. Mas o certo é que ele foi-se e nunca mais voltou. A única coisa que ele deixou foi suas fotografias e a lembrança que ainda hoje resiste na mente dos poucos que tiveram o prazer de conviver com ele. O certo é que antes de partir disse a seguinte frase(aqui na casa do meu bisavô, seu sobrinho e afilhado); ''vou indo embora e só volto se um dia eu conseguir muito dinheiro para trazer a Juazeiro''. Foi-se João Lima, tocado pelo estado perturbado do qual se encontrava, e nunca mais voltou. Não sabe-se onde morreu, nem se deixou filhos.  
João Lima mandou essa Photografia do Rio Grande do sul, ao meu bisavô, que na época tinha 13 aninhos.  Hoje está com 98.
















quarta-feira, 11 de abril de 2012

A história que o mato está encobrindo, literalmente.

As primeiras pessoas que habitaram Juazeiro, obviamente, deixaram seus restos mortais enterrados, mas o que ninguém sabe é que sempre zelaram pela conservação de seus cemitérios, lápides,etc. Que até hoje resistem. Aqui em Juazeiro existe cemitérios muito, muito antigos, mas infelizmente muitos estão sendo cercados por altos muros que escondem nossa história, e nos impedem de até mesmo zelar pela nossa linda e emocionante história. E o que deveria ser um patrimônio de todos nós, juazeirenses, está sendo escondido e tomado pelo mato que cobrem as lápides de nossos ascendentes, feita de forma braçal mas sem deixar de ser sutil e aveludada. Com muito amor e carinho nossos ascendentes deixaram belas obras em nossos cemitérios que não podem se perder. E o que somos nós sem nossa história?! somos um ponto neutro no meio do cosmo.

Sem contar que o muro histórico foi totalmente destruído. E suas pedras, que um dia escravos as encacharam uma encima da outra, hoje está servindo de baldrame de casas. Uma vergonha...

Agora vou mostrar a triste realidade de um dos cemitérios mais antigos da região; o cemitério do Pau D'arco. Lá está enterrada boa parte de minha família( Lima ), dentro os demais está; Maria Alves de Lima(minha tataravó), seu pai Clarindo Lima(meu tetravô, enterrado no comecinho de 1910), Isaura Matos( minha bisavó )[que foi uma das pessoas mais influentes de Juazeiro, pois foi a primeira professora a pisar nessa terra, com 16 anos, vindo de Pedro II casou-se com...](deixa essa história para as próximas postagens), todos enterrados naquele pedaço de terra, que hoje está em descaso.
Mas temos uma figura um tanto quanto enigmática enterrada nesse cemitério; é o Tenente Rufo Luiz do Reis( não se sabe a data do seu enterro mas é por volta de 1880, no máximo); Tenente Rufo era um dos mandachuvas da região, que junto a Clarindo de Macedo(meu outro tetravô, que também se chama Clarindo), comandavam a região de Juazeiro. Eram donos de escravos e eram conhecidos por seus espíritos de cangaceiro. Clarindo mesmo, nunca cavalgou sem seu Rifle na lua da sela, e nunca esqueceu seus 2 chifres de boi( um com torrado, e outro com cachaça da boa ).
Tenho muitas histórias desses dois, muitas mesmo, mas vamos deixar pro próximo poste. Até a próxima...

Força e Honra.

Ezequiel Lima










Uma breve história de Juazeiro do Piauí

O nome da cidade de ''Juazeiro'' deu-se ao fato da existência de um pé de Juá onde os comboios, que por aqui passavam, usufruíam de sua sombra. Era apenas uma leve parada de descanso ao destino incerto(ou quase incerto)daqueles que cruzavam o sertão de forma heroica a procura de novas terras para manter sua subsistência. Comboios que ao meu entendimento tinha como destino a então cidade; Marvão, antiga Rancho dos Patos, hoje batizada Castelo do Piauí. Depois de alguns anos marcaram território as primeiras famílias que aqui residem como; Alves, Macedo, Lima, Matos; um pouco depois; Visgueira, Dutra, etc.[em breve procurarei contar a história de cada família; de onde vieram, onde residiam, e algumas histórias de cada família.
Mas a história de Juazeiro é bem mais ampla; aqui temos histórias de escravos, guerras, até mesmo de mortes bárbaras, como a da escrava Teresa: que matou sua Sinhá, uns dizem que foi com um prego na testa outros dizem que foi com uma barra de anágua; mas o que se sabe é que o fim da pobre escrava foi triste, nem muito injusto para a época. Mas como se trata de uma história muito antiga que quase perdeu-se no tempo, temos, que, de alguma forma, transmitir o que nos restou mesmo que seja de forma teórica. Nas próximas postagens vou detalhar toda essa história da escrava que teve seu cúmplice também morto de forma mais bárbara(um jovem escravo que não se sabe o nome). Nossa história quase ninguém sabe, mas lhes garanto que é bem mais velha do que eu e você imagina.


Força e Honra...

Ezequiel Lima